
A Inteligência Artificial (IA) consolidou-se como uma força motriz essencial para a inovação em tecnologias, negócios e operações, impulsionando a transição para uma nova economia global. Contudo, a expansão acelerada da IA traz consigo uma demanda energética crescente, acendendo um alerta sobre a necessidade de estratégias sustentáveis.
A questão do consumo de energia é crítica no ambiente construído. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), edifícios são responsáveis por cerca de 30% do consumo global de energia e aproximadamente 28% das emissões globais de CO₂ relacionadas à energia. Dentro desse contexto, os data centers, que no Brasil seguem em ritmo acelerado de crescimento, consomem entre 1,5% e 3% da eletricidade mundial, com projeção de atingir 3% até 2030, conforme estimativas da IEA.
Atualmente, soluções baseadas em IA emergem como catalisadores positivos na jornada de descarbonização. A Johnson Controls, especialista em tecnologia para edificações inteligentes e sustentáveis, ressalta o potencial dessas ferramentas para gerar resultados significativos na redução de emissões.
“Existem tecnologias baseadas em IA que permitem digitalizar os sistemas de um edifício, otimizando o uso de energia, reduzindo as emissões e os custos, e gerando impacto energético positivo, em alguns casos, atingindo até 30% de redução no consumo de energia”, explica João Paulo Oliveira, diretor de Soluções Digitais e de Crescimento de Serviços para América Latina da Johnson Controls.
O executivo destaca que o setor vive uma transição de edifícios analógicos para digitais, com o horizonte apontando para a era dos edifícios autônomos.
“Essa evolução permite que os gestores simulem uma série de cenários, para que esses ativos operem em seu ponto ótimo, prevendo assim situações, implementando soluções conforme os desafios climáticos, incidentes e ocupação dos espaços, entre outros. Essa predição torna as operações mais seguras, sustentáveis e econômicas”, enfatiza Oliveira.
Com o aumento do consumo energético dos data centers, a busca por otimização de infraestrutura é incessante. João Paulo Oliveira aponta o crescente uso de soluções como Free-Cooling e Liquid Cooling.
“Com o apoio de sistemas de automação de alta performance, elas podem fazer com que o PUE (Power Usage Effectiveness) chegue a 1.2, tornando os data centers muito mais eficientes”, afirma. Essa eficiência permite que a IA continue a apoiar a descarbonização em diversas frentes – como no gerenciamento de ar-condicionado, outras cargas elétricas, mobilidade e redução de queimadas e desmatamento –, além de aprimorar a qualidade de vida, saúde e bem-estar das pessoas.
O tema foi central na participação do executivo em painel na COP30, intitulado “AI – The positive catalyst to drive climate action and the energy transition” (Inteligência Artificial – O catalisador positivo para impulsionar a ação climática e a transição energética). O evento, liderado pela KPMG, reuniu diversos stakeholders para alinhar o crescimento exponencial da IA com as metas climáticas globais.
“Temos observado que a sustentabilidade é uma das prioridades dos negócios, e as empresas têm investido cada vez mais em tecnologias e estratégias que impulsionem suas metas de redução de emissões e consumo de energia,” conclui João Paulo. O motivo é claro: edificações inteligentes – incluindo Data Centers – não apenas combatem o desperdício, mas também fortalecem os resultados financeiros das empresas.